Todo o enredo do conto constrói-se em formato de diálogo, em
que o personagem Conselheiro conta a seu companheiro o que aconteceu entre ele
e a tão desejada Quintilia, uma antiga amiga que morreu em 1859.
Analisando a personagem em questão, é importante destacar
que o ponto de vista sob o qual observamos, é o do Conselheiro. Apesar de suas
falas referirem-se à pessoa de Quintília, ela ainda constitui o segundo plano,
pois o que fica percebido é o sentimento do protagonista em relação à ela.
Todas as características que podemos ressaltar de Quintília, é fruto da
percepção do Conselheiro e de seu amor por ela.
Quintília é uma mulher mais velha que a maioria das mulheres
solteiras da época, já com trinta anos quando conheceu o Conselheiro, parecia
ser mais nova. A figura pode ser notada como alguém que atraía vários olhares
dos homens, entretanto, não mantinha relacionamento com nenhum. Machado de
Assis ressalta características interessantes do comportamento dos rapazes em
relação à moça. Ele narra um episódio em que vários deles conversavam sobre
Quintília, e várias histórias surgiram. Alguns impressionavam-se ante o fato de
não poderem tê-la como queriam, outros gabavam-se de tê-la conseguido, e
ninguém poderia dizer qual deles falava a verdade. O que fica claro em todo
conto, é o desejo de todos por ela, justificando o título da obra.
As características físicas de Quintília demonstram-se
essenciais para a posição de desejada que ocupa, nota-se que o fascínio dos
outros por ela, se dá por este motivo. Machado, através de seu narrador
Conselheiro, releva a questão dos bens que a moça possui. Quintilia torna-se
uma figura de cobiça, pois além da boa aparência, possuía bens que interessavam
a todos.
A figura feminina, neste conto, é abordada de maneira ideal.
Apesar de o protagonista ser o único que consegue estabelecer um relacionamento
mais íntimo com Quintilia, há um distanciamento entre os dois, que se
caracteriza na não correspondência dos sentimentos amorosos dele, por parte
dela. A decisão de Quintilia de não render-se ao casamento, contribui para que
ela tenha uma imagem de independência e insubordinação, pois, mesmo depois do
falecimento de seu tio, ela permaneceu decidida.
O Conselheiro atribui a ela certa profundidade metafisica,
pois a diviniza, buscando uma filosofia que possa compreender suas ações.
Quintilia mostra-se desprendida de seus sentimentos íntimos pelo Conselheiro,
pois, mesmo depois de se comprometer a um eventual casamento, ele não acontece
até o último momento. O palpite do Conselheiro, seu suposto viúvo, é que Quintilia
só o fez porque já estava certa de que a morte chegaria depressa.
Quintilia é a representação da mulher como objeto de desejo,
figura de amor inalcançável que se desconstrói à medida que a narração
progride.
A última frase do conto expressa a impressão deixada por
esta personagem:
“Chame-lhe monstro, se quer, mas acrescente divino.”