domingo, 5 de março de 2017

Análise do Conto Uns Braços

Análise do Conto Uns braços, de Machado de Assis.
            Inácio é um jovem rapaz que trabalha longe de sua família, que tanto faz falta, tendo um chefe arrogante e uma rotina cansável. D. Severina, que mora com Borges, o chefe, presente nas refeições diárias da casa onde trabalham, trazia a Inácio bons olhares e uma paixão platônica sem ao menos poder se revelar, afinal era só uma criança. Aos olhares acanhados de Inácio, D. Severina percebera a paixão secreta do rapaz e ameaçou em seus pensamentos contar ao chefe para que fosse posto para fora; porém, desistira. D. Severina começara a olhar o rapaz com novos olhares (meigos) e trata-lo de forma doce. O sentimento havia de ser reciproco. Dias se passaram e Inácio passou a ser feliz ali, a paixão lhe ascendia uma alegria que não experimentara antes no local de trabalho que antes desejava tanto ir embora e, agora, os belos braços à mostra de D. Severina o-mantinham ali. O sentimento era reciproco, mas os dois  não sabiam disso, os desejos e sentimentos eram secretos. Num belo dia, Inácio caiu num sono profundo em seu quarto, e D. Severina, como uma mulher que se preocupa, foi checar se estava bem e foi hipnotizada pela beleza do rapaz no sono profundo. “É só uma criança” ela repetia para si tentando controlar o que sentira, olhando para o garoto de quinze anos. Mas era impossível parar de observa-lo, era ainda mais belo dormindo. D. Severina ficou tanto tempo ali olhando o rapaz, que confundiu sua imaginação com a realidade e o-beijou ali mesmo. Assustada com o que fizera, saiu correndo pensando que Inácio teria acordado. Alguns dias se passaram e D. Severina não o-tratava mais da mesma forma; era severa. Inácio não entendera o por que de tanta mudança, ate que Inácio foi despedido por seu chefe sem um motivo aparente, e tudo que conseguia pensar era no dia em que sonhara que beijou D. Severina:
“Não importa; levava consigo o sabor do sonho. E através dos anos, por meio de outros amores, mais efetivos e longos, nenhuma sensação achou nunca igual à daquele domingo, na Rua da Lapa, quando ele tinha quinze anos. Ele mesmo exclama às vezes, sem saber que se engana: E foi um sonho! um simples sonho!”
            D. Severina é uma personagem mulher submissa ao homem, sem direito a imposição e de certa forma apagada em seu meio de convívio. Machado faz dela uma personagem sutil, percebida apenas por Inácio, ao qual se apaixonou. Numa situação não muito comum, um rapaz adolescente que se apaixona por uma mulher adulta e, consequentemente, ela se apaixona por ele. Na época em que se faz a historia, não se é aceitável que algo fosse feito para uma possível relação entre os dois personagens, tornando o sentimento dos dois algo totalmente secreto.
            Em um romance diferente do qual costumamos ler, Machado retrata algo simples e fácil de acontecer entre pessoas do sexo oposto, o amor platônico. Por causa da diferença de idade, não se pode fazer nada a respeito por não ser bem visto pela sociedade. Por isso a despedida de Inácio no final, sem nunca saber o que realmente acontecera e dar continuidade. Não somente com idades diferentes ou em postos complicados como os dois personagens, que se tratavam de negócios e poderia prejudicar o trabalho de Inácio, mas também é algo comum de acontecer entre os seres humanos; o ato de se apaixonar de forma marcante, entre muitas paixões, mas nunca tomar uma decisão em cima disso, se manter calado e perder a oportunidade de viver um grande amor. Ao final, o conto nos permite imaginar o que aconteceria se Inácio acordasse durante o beijo, ou se um dos dois desse o primeiro passo. É um belo conto para refletir sobre as decisões que tomamos na vida.

Izabel Morais Teixeira

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