Experiências Com a Leitura; Estudantes Universitários
*Izabel Morais Teixeira Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) - Ibirité
Resumo
Este estudo objetivou analisar as dificuldades de estudantes universitários
na hora da interpretação e compreensão dos textos dados nas instituições. A
pesquisa realizada com estudantes universitários investiga os seus primeiros
contatos com a leitura e analisa a sua influência com seu processo de
desenvolvimento durante o período escolar e acadêmico. Os resultados obtidos
indicam que a quantidade de literatura no primeiro período de diversos cursos
incomoda os alunos, e até desanima o estudante dependendo do curso que ele
estiver ingressando, independente se eles tiveram muito ou pouco contato com a
literatura durante sua infância.
Introdução
Sabemos que a leitura na vida de uma pessoa é extremamente importante
para seu desenvolvimento mental, crítico e criativo, Carpenter, Miyake e Just
(1995). Um indivíduo que em sua infância não foi alfabetizado, está sujeito à
marginalização, pois sabemos que no século em que vivemos, viver sem saber ler
ou escrever é um suicídio econômico. Pesquisas afirmam (Bensoussan, 1990;
Storey, 1997; Vicentelli, 1999; Gunthrie & cols., 2004; Gilabert, Martínez &
Vidal-Abarca, 2005) que a dificuldade de leitura em estudantes de diferentes
níveis de escolaridade é alta, fazendo com que quando chegam na vida
universitária, enfrentam dificuldades ainda maiores. Hirsch Jr. (1988) afirma que o
analfabetismo não é, simplesmente, incapacidade de ler e escrever, mas uma
deficiência de informação cultura, ou seja, a noção desse processo começa bem
cedo quando temos nosso primeiro contato com a leitura aos 3 anos de idade -
idade em que normalmente se começa a vida de estudante. Alguns com sorte,
conseguem ter esse contato ainda antes quando seus pais leem histórias antes de
dormir, por exemplo; o contato físico com um livro faz com que a criança observe
as letras sendo seguidas pelo olhar e lábios dos pais, criando uma base lógica na
mente da criança. Esses são fatos que colaboram para o desenvolvimento mental
e a facilidade da alfabetização da criança; mas quando alguns deles não tem esse
contato com as palavras escritas em casa, escola, e continuam a crescer com
uma percepção mínima da leitura e interpretação de texto, seu processo mental de
compreensão será limitado, tornando-o um jovem com grandes dificuldades
escolares e futuramente, na vida acadêmica e no mercado de trabalho. No estudo
de Oliveira e Santos (2005) os resultados apontaram várias dificuldades
específicas quanto à compreensão de textos dos universitários. Foi observado que
os estudantes apresentam dificuldades em abstrair as ideias principais do texto,
bem como não utilizam estratégias características de leitores proficientes.
Sempre haverá estudantes despreparados para a vida acadêmica em
questões da leitura. Há inúmeros estilos de vida espalhadas pelo mundo que
influenciam a vida das pessoas desde muito novas, e isso acaba por trazer
desvantagens à vida acadêmica. Há vários procedimentos tomados para resolver
esse problema; instituições universitárias e pesquisadores fazem pesquisas,
análises e chegam a conclusão que a forma mais correta de tentar resolver esse
"problema", seria bolar recursos para tornar as aulas interessantes para os alunos,
de acordo com seus interesses e objetivos. Pois o problema que origina essa
questão, é a educação do país, que entra em outros aspectos inalcançáveis aos
professores. O ideal seria se houvesse espaços curriculares previamente previstos
para melhorar a compreensão em leitura dos estudantes.
Estudante de Letras na Universidade Estadual de Minas Gerais, Unidade Ibirité.
Método
Foi realizado uma pesquisa simples com 5 estudantes universitários de
diferentes cursos no Brasil; estudante de matemática na UEMG (Universidade
Estadual de Minas Gerais), administração na UNDB (Unidade de Ensino Superior
Dom Bosco), engenharia mecânica no Pitágoras, serviço social na UFJF
(Universidade Federal de Juiz De Fora) e letras na UFMG (Universidade Federal
de Minas Gerais). A esses foram direcionadas as seguintes perguntas:
1). Você teve alguma dificuldade com o processo de alfabetização quando
criança?
2). Quais foram os seus primeiros contatos com a leitura na infância?
3). O seu curso te pegou de surpresa com a quantidade de textos?
4). Em quais matérias você tinha maiores notas durante o período escolar?
Resultado
Respostas:
Estudante de Letras na UFMG.
1). Não. Pelo contrário, tive muita facilidade e cheguei até a ser orador na
minha turma.
2). Meus pais sempre me compravam livros e liam para mim, facilitando
bastante minhas primeiras experiências com leitura na escola.
3). Na verdade, sim. Eu esperava que houvesse uma grande cobrança da
literatura em si, porém os professores estão sempre nos indicando livros que são
essenciais para a nossa vida acadêmica além dos livros literários; são
quantidades densas que muitas vezes pode acumular os alunos.
4). Português.
Estudante de Matemática na UEMG.
1). Não.
2): Eu praticamente fui alfabetizado antes de ir para a escola. Meus pais
sempre liam a bíblia para mim e eu pedia que me ensinassem a ler e escrever.
3). Sim, muito. No primeiro período, de 7 matérias, 2 são especificas ao
curso de matemática. São muitas matérias didáticas que não estão relacionadas a
área, isso desanima qualquer estudante de exatas.
4). Matemática e Física.
Estudante de Serviço Social na UFJF.
1). Não.
2). Quando eu cheguei na escola aos 4 anos, o processo de leitura e escrita
foram total novidade para mim, pois antes da escola eu não tive contato com
nenhum tipo de livro.
3). Eu já imaginava que meu curso teria muitos textos, e já havia me
preparado para isso pois é a realidade da vida acadêmica. Mas não significa que
está sendo fácil.
4). História.
Estudante de Administração na UNDB.
1). Não.
2). Normalmente foi na escola com poucos anos de idade. Mas uma real
experiência literária foi quando visitei a biblioteca da escola pela primeira vez aos
7 anos, aumentando meu interesse à leitura.
3). Não usamos muitos textos, as aulas fazem muito uso de slides e
apostilas.
4) Apenas Biologia no ensino médio.
Estudante de Engenharia Mecânica no Pitágoras.
1). Não.
2). Comecei a estudar um pouco tarde, aos 6 anos de idade. Antes eu não
sabia ler, mas o que me incentivava a leitura era tentar ler os mapas geográficos
que eu gostava bastante. Depois que entrei na escola.
3). Não. Fazemos muito pouco uso de textos, com exceção ao primeiro
período. Na verdade, tem até menos textos do que eu esperava.
4). Matemática, Química e Física.
Discussão e Conclusão
Sendo assim, percebemos que a maioria dos estudantes se incomodam
com a quantidade de textos, principalmente no primeiro período. Mesmo o
estudante de Letras que se baseia no estudo da linguística, diz ser desnecessário
a quantidade de livros e textos dados pelos professores, deixando os alunos
sobrecarregados. As matérias do primeiro período que não são diretamente
relacionadas ao curso, são exatamente impostas para aqueles alunos que não
têm a base devida do conhecimento das matérias, entre elas temos filosofia,
metodologia, sociologia, informática etc. Por isso há tantas reclamações de
ingressantes universitários.
A iniciativa maior deve vir de casa. Os responsáveis pelas crianças devem
incentivá-las a leitura desde cedo para que cresçam com a mentalidade crítica e
cheia de questões, facilitando a alfabetização, o desempenho escolar, a entrada
no mercado de trabalho e o desempenho nos cursos. Nem sempre é necessário
que as crianças entrem na escola cedo para se alfabetizarem, muitos pais o
fazem, aqueles que por inúmeros motivos não têm condições de colocar seus
filhos em instituições. Se todos o fizessem, teríamos jovens sábios,
desenvolvendo criatividade e criadores de hipóteses inteligentes, chegando a uma
nação com menor índice de crianças analfabetas e universitários com grandes
problemas de interpretação de texto.
Referências Bibliográficas
CARPENTER, P. A., MIYAKE. A. & JUST, M. A. (1995). Language
comprehension: sentence and discourse processing. Annual Reviews Psychology,
46, 91-120.
BENSOUSSAN, M. (1990). Redundancy and the cohesion Cloze. Journal of
research in reading, 13(1), 18-37.
GILABERT, R., MARTÍNEZ, G. & Vidal-Abarca, E. (2005). Some good text are
always better text revision to foster inferences of readers with high and low prior
background knowledge. Learning and Instruction, 15, 45-68.
GUNTHRIE, J. T., WIGFIELD, A., BARBOSA, P., PERENOVICH, K. C.,
TABOADA, A., DAVIS, M. H., SCARFFID, N. T. & TONKS, S. (2004). Increasing
reading comprehension and engagement through concept-oriented reading
instruction. Journal of Education Psychology, 96(3), 403-423.
HIRSCH Jr., E. D. (1988). Cultural Literacy. New York: Vintage Books (Random
House).
OLIVEIRA, K. L. & SANTOS, A. A. A. (2005). Compreensão em leitura e avaliação
da aprendizagem em universitários. Psicologia: Reflexão e Crítica, 18(1), 118-124.
Nenhum comentário:
Postar um comentário