terça-feira, 8 de novembro de 2016

Experiências Com a Leitura; Estudantes Universitários

                                 Experiências Com a Leitura; Estudantes Universitários
                  *Izabel Morais Teixeira  Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) - Ibirité


  Resumo
     Este estudo objetivou analisar as dificuldades de estudantes universitários na hora da interpretação e compreensão dos textos dados nas instituições. A pesquisa realizada com estudantes universitários investiga os seus primeiros contatos com a leitura e analisa a sua influência com seu processo de desenvolvimento durante o período escolar e acadêmico. Os resultados obtidos indicam que a quantidade de literatura no primeiro período de diversos cursos incomoda os alunos, e até desanima o estudante dependendo do curso que ele estiver ingressando, independente se eles tiveram muito ou pouco contato com a literatura durante sua infância.

 Introdução
     Sabemos que a leitura na vida de uma pessoa é extremamente importante para seu desenvolvimento mental, crítico e criativo, Carpenter, Miyake e Just (1995). Um indivíduo que em sua infância não foi alfabetizado, está sujeito à marginalização, pois sabemos que no século em que vivemos, viver sem saber ler ou escrever é um suicídio econômico. Pesquisas afirmam (Bensoussan, 1990; Storey, 1997; Vicentelli, 1999; Gunthrie & cols., 2004; Gilabert, Martínez & Vidal-Abarca, 2005) que a dificuldade de leitura em estudantes de diferentes níveis de escolaridade é alta, fazendo com que quando chegam na vida universitária, enfrentam dificuldades ainda maiores. Hirsch Jr. (1988) afirma que o analfabetismo não é, simplesmente, incapacidade de ler e escrever, mas uma deficiência de informação cultura, ou seja, a noção desse processo começa bem cedo quando temos nosso primeiro contato com a leitura aos 3 anos de idade - idade em que normalmente se começa a vida de estudante. Alguns com sorte, conseguem ter esse contato ainda antes quando seus pais leem histórias antes de dormir, por exemplo; o contato físico com um livro faz com que a criança observe as letras sendo seguidas pelo olhar e lábios dos pais, criando uma base lógica na mente da criança. Esses são fatos que colaboram para o desenvolvimento mental e a facilidade da alfabetização da criança; mas quando alguns deles não tem esse contato com as palavras escritas em casa, escola, e continuam a crescer com uma percepção mínima da leitura e interpretação de texto, seu processo mental de compreensão será limitado, tornando-o um jovem com grandes dificuldades escolares e futuramente, na vida acadêmica e no mercado de trabalho. No estudo de Oliveira e Santos (2005) os resultados apontaram várias dificuldades específicas quanto à compreensão de textos dos universitários. Foi observado que os estudantes apresentam dificuldades em abstrair as ideias principais do texto, bem como não utilizam estratégias características de leitores proficientes. Sempre haverá estudantes despreparados para a vida acadêmica em questões da leitura. Há inúmeros estilos de vida espalhadas pelo mundo que influenciam a vida das pessoas desde muito novas, e isso acaba por trazer desvantagens à vida acadêmica. Há vários procedimentos tomados para resolver esse problema; instituições universitárias e pesquisadores fazem pesquisas, análises e chegam a conclusão que a forma mais correta de tentar resolver esse "problema", seria bolar recursos para tornar as aulas interessantes para os alunos, de acordo com seus interesses e objetivos. Pois o problema que origina essa questão, é a educação do país, que entra em outros aspectos inalcançáveis aos professores. O ideal seria se houvesse espaços curriculares previamente previstos para melhorar a compreensão em leitura dos estudantes. Estudante de Letras na Universidade Estadual de Minas Gerais, Unidade Ibirité.

Método
     Foi realizado uma pesquisa simples com 5 estudantes universitários de diferentes cursos no Brasil; estudante de matemática na UEMG (Universidade Estadual de Minas Gerais), administração na UNDB (Unidade de Ensino Superior Dom Bosco), engenharia mecânica no Pitágoras, serviço social na UFJF (Universidade Federal de Juiz De Fora) e letras na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). A esses foram direcionadas as seguintes perguntas: 1). Você teve alguma dificuldade com o processo de alfabetização quando criança? 2). Quais foram os seus primeiros contatos com a leitura na infância? 3). O seu curso te pegou de surpresa com a quantidade de textos? 4). Em quais matérias você tinha maiores notas durante o período escolar?

Resultado
     Respostas: Estudante de Letras na UFMG. 1). Não. Pelo contrário, tive muita facilidade e cheguei até a ser orador na minha turma. 2). Meus pais sempre me compravam livros e liam para mim, facilitando bastante minhas primeiras experiências com leitura na escola. 3). Na verdade, sim. Eu esperava que houvesse uma grande cobrança da literatura em si, porém os professores estão sempre nos indicando livros que são essenciais para a nossa vida acadêmica além dos livros literários; são quantidades densas que muitas vezes pode acumular os alunos. 4). Português. Estudante de Matemática na UEMG. 1). Não. 2): Eu praticamente fui alfabetizado antes de ir para a escola. Meus pais sempre liam a bíblia para mim e eu pedia que me ensinassem a ler e escrever. 3). Sim, muito. No primeiro período, de 7 matérias, 2 são especificas ao curso de matemática. São muitas matérias didáticas que não estão relacionadas a área, isso desanima qualquer estudante de exatas. 4). Matemática e Física. Estudante de Serviço Social na UFJF. 1). Não. 2). Quando eu cheguei na escola aos 4 anos, o processo de leitura e escrita foram total novidade para mim, pois antes da escola eu não tive contato com nenhum tipo de livro. 3). Eu já imaginava que meu curso teria muitos textos, e já havia me preparado para isso pois é a realidade da vida acadêmica. Mas não significa que está sendo fácil. 4). História. Estudante de Administração na UNDB. 1). Não. 2). Normalmente foi na escola com poucos anos de idade. Mas uma real experiência literária foi quando visitei a biblioteca da escola pela primeira vez aos 7 anos, aumentando meu interesse à leitura. 3). Não usamos muitos textos, as aulas fazem muito uso de slides e apostilas. 4) Apenas Biologia no ensino médio. Estudante de Engenharia Mecânica no Pitágoras. 1). Não. 2). Comecei a estudar um pouco tarde, aos 6 anos de idade. Antes eu não sabia ler, mas o que me incentivava a leitura era tentar ler os mapas geográficos que eu gostava bastante. Depois que entrei na escola. 3). Não. Fazemos muito pouco uso de textos, com exceção ao primeiro período. Na verdade, tem até menos textos do que eu esperava. 4). Matemática, Química e Física. Discussão e Conclusão Sendo assim, percebemos que a maioria dos estudantes se incomodam com a quantidade de textos, principalmente no primeiro período. Mesmo o estudante de Letras que se baseia no estudo da linguística, diz ser desnecessário a quantidade de livros e textos dados pelos professores, deixando os alunos sobrecarregados. As matérias do primeiro período que não são diretamente relacionadas ao curso, são exatamente impostas para aqueles alunos que não têm a base devida do conhecimento das matérias, entre elas temos filosofia, metodologia, sociologia, informática etc. Por isso há tantas reclamações de ingressantes universitários. A iniciativa maior deve vir de casa. Os responsáveis pelas crianças devem incentivá-las a leitura desde cedo para que cresçam com a mentalidade crítica e cheia de questões, facilitando a alfabetização, o desempenho escolar, a entrada no mercado de trabalho e o desempenho nos cursos. Nem sempre é necessário que as crianças entrem na escola cedo para se alfabetizarem, muitos pais o fazem, aqueles que por inúmeros motivos não têm condições de colocar seus filhos em instituições. Se todos o fizessem, teríamos jovens sábios, desenvolvendo criatividade e criadores de hipóteses inteligentes, chegando a uma nação com menor índice de crianças analfabetas e universitários com grandes problemas de interpretação de texto.

Referências Bibliográficas CARPENTER, P. A., MIYAKE. A. & JUST, M. A. (1995). Language comprehension: sentence and discourse processing. Annual Reviews Psychology, 46, 91-120. BENSOUSSAN, M. (1990). Redundancy and the cohesion Cloze. Journal of research in reading, 13(1), 18-37. GILABERT, R., MARTÍNEZ, G. & Vidal-Abarca, E. (2005). Some good text are always better text revision to foster inferences of readers with high and low prior background knowledge. Learning and Instruction, 15, 45-68. GUNTHRIE, J. T., WIGFIELD, A., BARBOSA, P., PERENOVICH, K. C., TABOADA, A., DAVIS, M. H., SCARFFID, N. T. & TONKS, S. (2004). Increasing reading comprehension and engagement through concept-oriented reading instruction. Journal of Education Psychology, 96(3), 403-423. HIRSCH Jr., E. D. (1988). Cultural Literacy. New York: Vintage Books (Random House). OLIVEIRA, K. L. & SANTOS, A. A. A. (2005). Compreensão em leitura e avaliação da aprendizagem em universitários. Psicologia: Reflexão e Crítica, 18(1), 118-124.

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